sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Governo fecha Frente Ampla e manda silenciar Lacerda

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 7 de abril de 1968)

A Frente Ampla é agora um nome proibido. Foi cassada em portaria divulgada ontem à noite pelo ministro da Justiça, que manda prender em flagrante quem falar pela Frente, posta na ilegalidade, segundo a portaria, por não se enquadrar nos dispositivos constitucionais das organizações partidárias.

Veta a imprensa aos cassados e manda punir os jornais ou emissoras que divulgarem declarações de quem perdeu os direitos políticos ou exerceu postos de lideranças na extinta Frente Ampla, atingindo, por extensão, com essa medida, o ex-governador da Guanabara, sr. Carlos Lacerda.

Igreja contra massacre

Em dois manifestos divulgados ontem no Rio, a hierarquia e o clero católico da Guanabara condenam o massacre de estudantes e populares, durante as manifestações de protesto contra a morte de Édson Luís Lima Souto. O primeiro documento, elaborado pelos sacerdotes que oficiaram as missas de sétimo dia, na Candelária, quinta-feira última, teve a adesão do vigário-geral do Rio de Janeiro, dom José de Castro Pinto, e do arcebispo, dom Jaime de Barros Câmara, além de outros dignitários que o subscreveram.

Em apoio à essa manifestação da cúpula da Igreja na Guanabara, 50 sacerdotes lançaram (ver a mensagem abaixo), logo depois, o segundo manifesto, endossando a posição dos seus superiores e condenando igualmente a repressão policial militar, principalmente o cerco da Igreja da Candelária e a invasão da Catedral de Goiânia, em cujo interior policiais feriram a bala dois estudantes, durante um ofício religioso.

Dando conseqüência a essas posições, ficou decidido que, a partir de hoje, e até a libertação do último preso, os padres percorrerão os quartéis e delegacias, acompanhados de médicos, para oferecer conforto espiritual e assistência aos elementos feitos prisioneiros durante as manifestações de rua e quando da ação repressiva no pátio e nas imediações da Candelária.

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