quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Arcebispo adverte governo e Costa já tem lei de exceção

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 4 de abril de 1968)


O governo já tem pronto o decreto do estado de sítio, que deverá abranger Brasília, Goiás e Guanabara, dependendo da evolução dos acontecimentos. Poderá ser decretado logo após a missa pela alma de Édson Luís de Lima Souto, às 18 horas, na Candelária (outra missa oficial será celebrada, também hoje, às 10 horas, no mesmo templo). No Rio, o comando estudantil manteve a decisão de realizar novos atos de protesto logo após as cerimônias religiosas pela alma do estudante morto a 28 de março.

Tropas do Exército começaram a tomar posição no Centro da cidade, às primeiras horas da madrugada de hoje, seguindo o esquema de segurança traçado para neutralizar novos movimentos estudantis. Em nota oficial, o ministro Lira Tavares dirigiu apelo aos pais para que evitem a presença dos filhos nas manifestações. O governador Negrão de Lima negou ontem as 3 reivindicações apresentadas pelas lideranças estudantis: aceleração das obras do restaurante, libertação dos presos e medidas contra novas violências.

Sodré pede que coronel fique e ameaça sufocar protestos

Depois de fazer um novo apelo ao secretário de Segurança para que permaneça no posto, o sr. Abreu Sodré confirmou que, doravante, não mais permitirá qualquer manifestação de protesto contra o governo federal. O coronel Sebastião Chaves não respondeu ainda ao pedido do sr. Sodré.

Os estudantes paulistanos receberam com tranqüilidade a ameaça do governo paulista e disseram que com repressão ou sem repressão condinuarão saindo às ruas. Há possibilidade de que parelalamente às missas a serem rezadas hoje no Rio, os estudantes paulistas façam passeatas em vários pontos de São Paulo.

Velha Guarda, MDB e Arena tentam conciliação com o governo

A criação de uma Comissão de Alto Nível, da qual fariam parte altas persoalidades de projeção nacional entre as quais os srs. Milton Campos, Prado Kelly, o marechal do Ar Eduardo Gomes, os presidentes da Câmara e do Senado e os líderes do MDB e da Arena, passou a ser articulada, ontem, em Brasília, como uma providência capaz de amenizar a crise estudantil que se estende por todo o País.

O papel da comissão seria o de conversar com o presidente Costa e Silva no Rio ou em Brasília e procurar, dentro do possível, uma solução para a crise, sem que o governo tenha que apelar para os recursos extremos como o estado de sítio ou a onda de violências que varre o País contra estudantes, professores e o próprio povo de uma maneira geral.

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