Conflitos matam 3 e Guanabara é sitiada
(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 2 de abril de 1968)
Três mortos - dois no Rio e um em Goiânia - e dezenas de feridos, eis o balanço dos conflitos ocorridos no decorrer do dia de ontem em todo o País, os quais atingiram seu climax na Guanabara, onde, durante diversas horas, estudantes e policiais lutaram nas ruas, até que as Forças Armadas sitiaram a cidade.
A decretação do estado de sítio chegou a ser aventada, enquanto, em Porto Alegre, o presidente Costa e Silva fazia uma ameaça velada de "endurecimento", ao declarar a parlamentares da Arena que havia perigo de o País "descambar para um regime de força".
O estudante morto em Goiânia foi atingido por uma bala no crânio, disparada, em meio a uma manifestação, pela Polícia Militar. As vítimas dos conflitos na Guanabara foram um portuário, baleado no peito no Largo da Carioca, e um elemento não identificado, morto na calçada da residência do ministro da Guerra, no Maracanã.
Os choques entre estudantes e policiais, ocorridos até a noite, no Rio, verificaram-se em todo o Centro da cidade, transformado em verdadeira praça de guerra. Próximo passo da crise: portuários, metalúrgicos, ferroviários e aeroviários, com um possível apoio dos comerciários, estão dispostos à greve, caso o governo não determine, até zero hora de amanhã, a retirada das tropas das ruas.
Deputados de Negrão tumultuam AL para que não haja sessão
Uma manobra articulada pelos deputados que compôs a bancada governista, na Assembléia Legislativa da Guanabara, não permitiu que a sessão de ontem do Legislativo tivesse mais de três minutos, pois, devido ao tumulto causado pelo deputado Caldeira de Alvarenga (MDB), o residente José Bonifácio foi obrigado a dar a mesma por encerrada logo que se iniciou.
O deputado Mauro Werneck (Arena), mostrando sua indignação quanto ao acontecido, afirmou que "consumou-se, hoje, mais uma violência do governo Negrão de Lima, com a cumplicidade da presidência da Assembléia Legislativa e da submissa bancada governista".
PM tentou invadir a Assembléia e agredir deputados
Exaltados devido ao tiro que um de seus colegas recebeu, durante a manifestação estudantil, ontem, em frente à Assembléia Legislativa, vários soldados da Polícia Militar tentaram invadir o prédio do Legislativo, pela porta da frente, com a intenção de jogar bombas de gás e agridirem os deputados que se encontravam no interior do prédio. Um dos soldados, que portava uma bomba de gás, tivo e ainda pela iminência de uma invasão, o depuro, enquanto que outros, também exaltados, gritavam que "os deputados são os culpados por tudo isso, pois deram abrigo aos estudantes, que agora feriram um colega nosso", tentando penetrar no prédio da Alerj.
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