Abreu Sodré é apedrejado no 1º de maio
2 de maio de 1968
O sr. Abreu Sodré foi apedrejado ontem, quando discursava numa concentração operária, comemorativa do 1º de maio. Com dois ferimentos na testa, Sodré refugiou-se no interior da Catedral de São Paulo, indo depois para o Palácio do Governo. Grupos de estudantes e operários ocuparam então o palanque oficial, de onde fizeram rápidos discursos, incendiando-o em seguida.
Da Praça da Sé, milhares de pessoas empreenderam uma marcha pelo centro da capital paulista, depredando a agência de um banco norte-americano. Em nota oficial, o sr. Abreu Sodré prometeu "manter a tranqüilidade a qualquer custo", enquanto sua mulher, d. Maria Sodré, denunciava uma "minoria esquerdista" como responsável pelos acontecimentos.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Salvador Tolesano, distribuiu nota condenando os incidentes. Em seguida, foi ao Palácio Bandeirantes manifestar solidariedade ao sr. Abreu Sodré. O chefe do Executivo paulista recebeu imediato apoio também do Comandante do II Exército, general Sizeno Sarmento, do prefeito Faria Lima e outras autoridades. É calma a situação em São Paulo.
Governo anuncia abono e se diz preocupado com trabalhador
Falando em nome do presidente Costa e Silva, o ministro Jarbas Passarinho, do Trabalho, anunciou, ontem, através de uma cadeia de rádio e televisão, o envio ao Congresso de mensagem solicitando a aprovação para o abono de emergência a todos os trabalhadores, o qual "corrigirá numa média de 50 por cento os reajustes salariais em vigor". O governo afirmou, na oportunidade, sua "permanente preocupação" em melhor atender aos trabalhadores nos seus reclamos sobre salário, embora revelasse, mais adiante, que a aplicação do resíduo inflacionário vinha sendo "sucessivamente subestimado".
1º de maio no Rio reuniu 5 mil em S. Cristóvão
Em meio a uma grande aparato policial e sem incidentes de maior monta, cinco mil trabalhadores reuniram-se ontem, no Campo de São Cristóvão, para ouvir 11 oradores - entre os quais o padre Pancrácio Dutra, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Cristãos e representante do bispo d. José de Castro Pinto, e o senador Mário Martins - que condenaram com veemência a política trabalhista do governo.
Receoso a princípio, face à demonstração bélica da PM e do DOPS, no decorrer da manifestação o povo passou a apoiá-la entusiasticamente, aplaudindo com vibração os oradores, notadamente o representante da Igreja, que manifestou a insatisfação da juventude e dos trabalhadores "com as estruturas arcaicas existentes" e reclamou "justiça social para toda a Humanidade".
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