quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Costa admite que salário divide o governo

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 26 de abril de 1968)


O marechal Costa e Silva admitiu ontem que existem motivos de descontentamento interno no País, "como por exemplo o descompasso entre salários e preços", confessando, mais adiante, a existência de uma divisão no governo quanto ao fato do problema trabalhista. O presidente reafirmou sua disposição de não alterar a Constituição em nenhum de seus aspectos, e respeitá-la até o final de seu mandato. Salientou, em encontro com deputados e senadores, que, "não basta apenas uma base parlamentar", frisando necessitar de "algo mais: um apoio decisivo dessa base a uma atuação mais viva no Parlamento".

Presidente diz que não quer cassações

SÃO PAULO (Sucursal) - O marechal Costa e Silva garantiu ao sr. Abreu Sodré, durante o encontro mantido na Guanabara, que "o governo não está interessado na cassação dos sete deputados federais e dois estaduais do MDB paulista, solicitada pelo suplente Carvalho Sobrinho, da Arena. O marechal-presidente disse ainda ao sr. Abreu Sodré que se manifestará na devida ocasião contra a cassação, pois se trata de um problema que a classe política tem de resolver, sem qualquer interferência do governo.

Por outro lado, o deputado Fernando Perrone, um dos parlamentares estaduais ameaçados de cassação, chegou ontem de Brasília bastante otimista com relação ao julgamento do recurso do sr. Carvalho Sobrinho, pelo Tribunal Superior Eleitoral. Disse não acreditar que os mandatos sejam cassados, principalmente porque "conheço os ministro do Superior Eleitoral, que são imunes a qualquer tipo de pressão".

Dom Hélder: governo é responsável pela miséria na AL

O arcebispo brasileiro Dom Hélder Câmara responsabilizou diretamente aos governos da América Latina pela miséria do povo, "porque não têm coragem de empreender reformas de base". Dom Hélder, que falava a uma imensa multidão de jovens na Faculdade Católica de Estrasburgo, na França, expôs a seguir suas razões em favor da não violência para solucionar os problemas do Terceiro Mundo.

"A violência - disse - não conduz à passividade, mas a atos categóricos e valentes, se acrescentarem aos atos da não violência". "Respeito a todos que em sã consciência escolhem a violência - prosseguiu. Sobretudo quando não são guerrilheiros de salão, mas enfrentam perigos e oferecem sua vida. Respeito Camilo Tôrres, Ernesto "Che" Guevara e Martin Luther King, mas prefiro a linha do grande pastor da paz que foi Luther King". Segundo Dom Hélder, "mudanças profundas e rápidas são necessárias na relações entre o mundo desenvolvido e o não desenvolvido, no qual já se manifesta a violência".

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