Dom Hélder denuncia: Estão querendo me matar
(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 23 de abril de 1968)
Dom Hélder Câmara admitiu ontem que poderá ser morto a qualquer momento pelas forças que entravam o desenvolvimento do Brasil, mas lembrou que "seja como for, os olhos das massas se abrirão conosco, sem nós ou contra nós". Falando em Roma para os alunos do Colégio Eclesiástico, o arcebispo de Olinda e Recife advertiu que é preciso melhorar as condições de vida das milhões de pessoas que proliferam em ambientes desumanos, frisando que as transformações terão de vir de qualquer maneira, pacificamente ou por meio de uma revolução.
O arcebispo brasileiro externou seu apoio e carinho aos protestos dos estudantes, destacando que eles querem renovar estruturas sociais insuportáveis. Sobre sua eliminação pelas forças antidemocráticas, disse dom Hélder: "Ela é mais fácil do que se imagina. Pode ser que minha visita atual a Roma seja a última".
Costa dará abono salarial a partir de 1º de maio
O presidente Costa e Silva emcaminhará ao Congresso Nacional, ainda este mês, projeto de lei concedendo abono especial aos trabalhadores equivalentes a cinqüenta por cento do valor do último acordo ou dissídio coletivo, com vigência prevista a partir de primeiro de maio.
O chefe do Governo, em mensagem dirigida aos trabalhadores, no próximo dia 1º de maio, anunciará a decisão de conceder abono especial e outras providências de interesse dos assalariados, como a revogação do Decreto-Lei nº 127, que disciplinou o trabalho na orla marítima, e a regulamentação do decreto que determina a entrega das terras ociosas ou de repouso aos trabalhadores agrícolas.
Terror continua em S. Paulo: mais ameaças geram pânico
Numerosos telefonemas anônimos, dirigidos a empresas particulares e órgãos públicos, continuam intranqüilizando São Paulo. O pânico entre o povo, já grande, aumentou ainda mais depois da explosão de uma bomba - a sexta - na residência de um desembargador aposentado. O último petardo a explodir estava destinado ao prédio do jornal "Folha de São Paulo", segundo anunciou um telefonema de um desconhecido. O Palácio da Polícia, onde já explodiu uma bomba, votou a ser ameaçado. Foi reforçada a vigilância ao Palácio Bandeirantes e outros edifícios públicos.
Mem de Sá condena onda de terrorismo
O senador Mem de Sá condenou ontem, em pronunciamento no Senado, "a onda de terrorismo que começa se delinear no País", e lembrou que a iniciativa do diálogo para a retomada do clima capaz de propiciar o pleno exercício da democracia, deve partir do poder público, "a quem cabe ter a coragem de encaminhar medidas para o restabelecimento do clima democrático". O ex-ministro da Justiça lembrou que "a tolerância e o respeito mútuo, dentro da ordem e fora da violência, são os fatores que permitem o aperfeiçoamento da democracia".
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