Atentado a Kennedy foi conspiração (Tribuna da Imprensa)

5 de junho de 1968


É grave o estado de saúde do senador Robert Kennedy, ferido na mandrugada de hoje, a bala, em Los Angeles, pouco depois de falar em público, após vencer as eleições primárias para a Presidência dos Estados Unidos, na Califórnia. O hospital em que foi internado Kennedy revelou que ele fora atingido por três balas: duas na cabeça e uma nos quadris.

As primeiras informações indicam que foram presos um filipino e um tipo latino-americano como suspeitos e admitiu a hipótese de uma conspiração. O atentado contra Robert Kennedy ocorreu no Hotel Abassador de onde dirigia sua campanha eleitoral na Califórnia contra o democrata Eugeni McCarthy.

As balas foram disparadas de uma distância de apenas três metros. Oito tiros foram ouvidos, mas apenas três atingiram o candidato à Presidência dos Estados Unidos. Uma das balas penetrou na fronte e outra próximo à orelha. A terceira atingiu de leve os quadris.

Lacerda: "Poder jovem reclama os seus direitos"

O ex-governador Carlos Lacerda, em artigo publicado no mensário Esquema, da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que circula hoje, pede, ao se referir à atual movimentação estudantil, que "não se levantem barricadas entre os moços e o mundo, porque o Poder Jovem existe e reclama seus direitos. A rebeldia é própria da angústia. E o diálogo, portanto, é inútil: é preciso ouvir o que a mocidade tem a dizer".

O artigo, que é intitulado "O que os jovens querem de nós", foi pedido ao ex-governador poucos dias antes dele embarcar para a Europa. Como o sr. Carlos Lacerda alegasse que não dispunha de tempo para escrever, autorizou que o grupo de universitários que edita o jornal fosse à redação de uma revista carioca e apanhasse aquele artigo, entregue havia semanas, e que a sua direção resolveu não publicar.

MDB vai ao Supremo para derrubar as sublegendas

O alto comando do MDB ingressará, na próxima semana, com recurso no Supremo Tribunal Federal, visando a obter a declaração de inconstitucionalidade do projeto de sublegendas, aprovado na manhã de ontem, pelo Congresso Nacional. Os dirigentes do MDB estão confiantes no pronunciamento do Supremo, de vez que consideram evidente a transgressão dos dispositivos da Carta Magna, particularmente a subversão do princípio do voto majoritário, com a introdução das sublegendas no processo eleitoral.

Silvio Caldas: único ritmo pode acabar com música popular

O cantor Silvio Caldas, depondo para a posteridade, ontem, no Museu da Imagem e do Som, afirmou que "se não houver uma posição de defesa, por parte dos governantes, a internacionalização de um único ritmo acabará matando a música popular de cada país". Disse que não pretende voltar à vida profissional apesar das propostas que tem recebido, e se o fizer será por muito dinheiro, embora não se furte a cantar de graça quando se tratar de fins beneficientes, como ocorreu há pouco no interior do Paraná, onde cantou para crianças excepcionais.