Jânio vê salvação no 3º Mundo (Tribuna da Imprensa - 22 de agosto de 1968)
CORUMBÁ (de Mauro Ribeiro, enviado especial) - Salientando que a invasão da Tchecoslováquia significa a ratificação dos ideais de domínio que norteiam os senhores do mundo, o ex-presidente Jânio Quadros, em seu confinamento, redigiu uma nota sobre a crise na Europa Central.
A nota é a seguinte: "O crime cometido contra a Tchecoslováquia demonstra que o imperialismo russo e ianque são verso e anverso de uma só moeda falsa. Integrar qualquer dos blocos na luta aparente em que se empenham, é estupidez e ingenuidade. O que ambos fazem, antes como aliados do que como adversários, é consolidar e ampliar o próprio império.
Fácil contestação é o desafio que a China significa. Somente o terceiro mundo, jovem, pacífico e poderoso, que emerge das Américas, África e Ásia, poderá interpor desde agora, entre Washington e Moscou, defendendo os valores jurídicos e morais que estas duas nações ignoram ou aviltam e impedir mais adiante a tragédia nuclear que ameaça a humanidade".
País repele a invasão
BRASÍLIA (Sucursal) e RIO - O Congresso Nacional condenou, veementemente a invasão da Tchecoslováquia por tropas russas, dedicando as sessões da Câmara e do Senado para protestar contra "o atentado à soberania de um povo que está lutando pela liberdade". Noventa e quatro deputados da Arena e do MDB enviaram telegrama de protesto ao embaixador da União Soviética no Brasil repelindo "a intolerável manifestação imperialista".
O marechal Costa e Silva, em nome do governo brasileiro, fez divulgar, através do Ministério das Relações Exteriores, nota oficial em que deplora a invasão, assinalando que a agressão russa prejudica os esforços pelo fortalecimento da paz e da segurança internacionais, além de ser um desrespeito aos direitos fundamentais de um povo.
Estudantes queimam bandeira da Rússia
Um pequeno grupo de manifestantes liderados por dois estudantes pertencentes à extrema-direita, Alair Araújo e Ary Madeira, realizaram, no fim da tarde de ontem, um rápido comício na Cinelândia, no centro do Rio, ocasião em que queimaram uma bandeira da União Soviética.
Antes de ter início a manifestação, um choque da PM, que se encontrava no local, retirou-se, tendo o fato causado estranheza entre os populares, pois é sabida a proibição de qualquer manifestação de rua, sem a prévia autorização do DOPS. Pouco depois das 18 horas, um pequeno grupo composto de aproximadamente dez pessoas e liderado pelos estudantes Alair Araújo e Ary Madeira concentrou-se na Cinelândia dando início à manifestação.
Estudantes de Minas em nova batalha
Nova manifestação em diversos pontos da cidade é o que os estudantes mineiros estão prometendo para amanhã, em Belo Horizonte, como resposta à prisão de diversos universitários na passeata de anteontem. Círculos da Secretaria de Segurança reafirmam sua disposição de manter a ordem a qualquer preço e tudo indica que poderá haver mais violência nos choques previstos para amanhã, entre a polícia e os estudantes.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial